A aldeia de Santo Amaro foi fundada em 1614 em terras de Diogo Soares, na frente do "palmar dos negros". Tempos depois, o filho do proprietário vendeu para os índios a meia légua de terra onde estava a aldeia. Mas ela foi incluída no dote de Cristóvão Berenguer e novamente vendida para Gaspar de Araújo, que estabeleceu um curral de gado. Houve motins. Depois de sua morte as terras foram vendidas para sua irmã, a viúva Catarina de Araújo. Os índios recorreram à Câmara, perderam, e o capitão dos índios assinou documento abrindo mão das terras. O governador mandou que a aldeia se instalasse 7 léguas adiante, para "apertar ao negro levantado do palmar", onde estão há 3 anos. A situação piorou com a doação das terras do Palmar aos paulistas e o levante de Sebastião Pinheiro Camarão. Os índios estão sem terras para plantar, há doenças e mortes e pedem que lhes seja restituído o local inicial da aldeia, ocupado por eles há 73 anos.
Data estimada a partir da carta de encaminhamento do memorial ao rei. Segundo o memorial, a aldeia ficou 63 anos no lugar inicial, de 1614 ao "ano de 1686 para 87" (na publicação transcrito como 1636-37). O documento integra os Autos da demanda dos índios de Santo Amaro contra o padre Antônio C. Pais e outros filhos de Catarina de Araújo, 1703.